Deve existir o feio, a dor, o pranto,
Para que o belo possa ter um jus;
Não fosse o choro, que seria o canto?
Não fosse a sombra, que seria a luz?
Acaso a rosa, que tem grande encanto
E que desponta deslumbrante à flux,
Não vem do solo que a alimenta tanto
Até que, enfim, um roseiral produz?
Assim também por sobre a nossa vida
Deve existir amor, mas com saudade
Como a que fica após a despedida,
Pois que ternura iria em nós envolta
Se no mundo tão cheio de maldade
Ninguém chorasse pela nossa volta?