Eu não choro! Jamais verão meu pranto,
Porque sou como as dunas de um deserto;
O tufão do viver me fere tanto
Que me abre o coração, mas eu não choro...
Invejo as nuvens pelo céu aberto
Que tem a chuva , que é seu choro santo,
E não compreendo, não atino ao certo,
Porque não tenho as lágrimas que imploro;
E vejo outras pessoas... quando choram
Parece que sentem mais queridas
Desabafando o mal que as martiriza;
E as pérolas, que aos olhos lhes afloram,
Vão aliviando as dores escondidas,
Num pranto que redime e diviniza.