Que me importa a vida agora
Se sem brilho a lua brilha?
Se o sol sem luz me devora
E à pobre mãe sem a filha?
Se a água gelada me queima
E o quente fogo me gela?
E o tolo mundo que teima
Tirar-me, do barco, a vela?
Pois, então, por que tirar
As ondas do grande mar
E meu corpo deste engenho?
Por que tirar desta lida
O meu restinho de vida,
Da vida que já não tenho?