SONETO À TOA



Estes bisonhos versos concebidos
Num momento qualquer de pensamento,
Não foram a ninguém oferecidos
E não terão de glória um só momento,

Porque palavras são, leva-as o vento
Por entre grandes bosques já floridos
E breve ficarão no esquecimento
Dos corações humanos ressequidos...

Não ditarão canções aos passarinhos
E amores não darão aos jovens crentes
Perdidos nos recessos dos seus ninhos;

Desprezados serão e, então ausentes,
Ficarão a falar num tom incerto
Como uma voz clamando no deserto...