A UM MESTRE DESCRENTE


A sineta tilinta sem parar,
Velho mestre, parece que te chama...
Pega teu livro, teu fanal sem par,
Que o mundo geme e mais saber reclama.

Há quanto tempo (já nem sei) derrama
A tua luz seu facho de invejar
Sobre esta Terra, que sedenta clama
De mais saber para melhor matar.

Tu não compreendes que desejo louco
Tem este mundo – e vives num averno
- Sem esconder, da mágoa, o grande véu...

Mas pensa bem... de tudo existe um pouco
E se, às vezes, conduzes para o inferno,
Outras vezes elevas para o céu...