A flor da estufa é prisioneira
de uma sufocação cruel;
gostaria de ser livre
como a flor mais sem graça do jardim...
gostaria, enfim, de ser flor...
Jogam-lhe químicos produtos
para mantê-la bela;
não conhece, por isso, um só inseto;
contudo inveja a rosa descorada
que se agita ao toque das abelhas,
que se esfolha ao vento,
que recebe a chuva,
que padece ao sol,
mas que brotou livre,
como é livre a natureza,
no meio de um canteiro.
A flor da estufa, livre dos insetos,
guardada do sol, do vento, dos tormentos,
morre de tédio
por querer ser livre...
