Mansamente
cai a chuva
por sobre as plantas crestadas
pelo sol que a precedeu
e que agora se escondeu...
A chuva às vezes cai
destruindo as casas pobres
das famílias ribeirinhas
e que delas faz farinha
deixando os pobres mais pobres.
Cai a chuva mansamente...
Nem parece a mesma chuva
que cai ao longo da estrada
refrescando os andarilhos
que têm a chuva e mais nada,
pois tudo já lhes fugiu
como se a vida rolasse
no meio de uma enxurrada.
Mansamente
cai a chuva
dos olhos enamorados
que à margem foram deixados,
trocados – talvez – por outros
mais bonitos ou mais tolos,
mais felizes, mais amados,
A chuva cai comovente,
desigual, tal como a gente...