A MANGUEIRA


Minha velha mangueira perdida
no meu passado distante,
eu me vejo em teus galhos possantes
brincando desatencioso
sem mal, sem dor, sem ferida...
Eu me vejo, inocente criança,
por entre as folhas bem verdes,
como me dando esperança.



Minha velha mangueira de outrora,
que se acabou sem lamentos
dando frutos e sombra e amor,
agitando-se alegre nos ventos,
que tombou como tomba um gigante
e que sábia e cheia de afeto
só uma coisa não quis me ensinar:
- uma forma de nunca chorar!



Minha velha mangueira querida,
hoje existo distante de ti
e da minha feliz meninice:
não mais crendo naquilo em que cri,
não mais tendo, naquilo que disse,
a ilusão que perdi pela vida...