Dá-me tua linda mão,
o encanto dos teus gestos;
dá-me o verde dos teus olhos,
a meiguice de um olhar,
o traço da tua boca,
o sorriso dos teus lábios
(embora eu quisesse um beijo).
Eu dou papel, dou a tinta,
dou a caneta também.
Dá-me, porém, teu cabelo
(solto ou preso, não importa,
seu perfume é sempre igual);
dá-me, também, tua voz
límpida, terna e sonante:
dá-me teu corpo perfeito
para moldar meu poema...
Eu dou o verso sem rima,
que nem rimo junto a ti.
Dá-me teu nome sublime,
que tanto me faz feliz,
o misterioso dualismo
de boneca e de mulher,
a solidão e a tristeza,
que te fazem linda assim.
Eu dou o mata-borrão,
dou a cadeira e a mesa,
dou o primeiro empurrão.
Vamos, portanto, brincar:
porém em casos futuros
deves dar algo de ti,
que na nossa brincadeira
emprestas pouco demais...