SOMOS, NÃO SOMOS


Para quem já nada aspira,
ou pense nada aspirar,
chamo a atenção para o canto
que vem profundo do mar.

Para os artistas que julgam
dominar tinta e palheta,
peço que pensem nas cores
das asas da borboleta.

Os que crêem serem gênios,
em todo e qualquer caminho,
devem prestar atenção
ao canto de um passarinho.

O homem, que sempre acende
seu farol, fogueira ou lume,
mais deveria atentar
para a luz de um vaga-lume.

Os que fazem do trabalho
seu orgulho e alegoria,
não notam que a formiguinha
tem trabalho noite e dia.

Para quem nada possui,
ou a quem sonha o Universo,
chamo a atenção à amplitude
contida num simples verso.