REFLEXOS DOS VERSOS


Atiro o braço
no espaço
e as estrelas abraço,
como abraço os ramos,
que se estendem das árvores,
como abraço os ninhos
de todos os caminhos.

Ponho meus pés na estrada
e açambarco os passos
deixados sobre o chão
por outros pés descalços;
vou saltando as léguas
com todos os percalços
medindo a imensidão...

E com meus olhos,
claramente ou baços,
percebo o amor brotando
de todos os olhares
se reencontrando...
E acalanto afetos
nascendo sob os tetos.

Com minha voz imito
a ressonância lírica
de todos os corais
e canto mais e mais
às pedras, às florestas,
aos homens e animais.

Meus versos são meus braços,
meus pés, olhos e voz,
e seguem com os ventos
sempre atentos,
algumas vezes refazendo os laços
e – quase sempre – desatando nós...