Eu sou aquele barro
não moldado,
que foi apenas trabalhado
sem cuidados...
Por essa razão não passo
de um esquema abandonado
pelo Senhor da vida.
Eu fui o pobre vate
que nasceu
ora de um erro,
ora de um desejo,
pesando cada esquina
ou cada disparate,
buscando sob o sol
a marca da neblina,
sonhando muitas bocas,
murchando sem um beijo.
Eu sou o meu retrato
crescido com o tempo,
sem moldura ou trato
e quase sem talento,
que nasceu sozinho
e vai morrer assim...
Eu sou o que não fui:
não sou nem bom, nem ruim,
apenas vou passando...
E quanto mais me busco
mais eu me afasto de mim.