POEMA DA SAUDADE



A parede ruiu
mas o prego ficou
espetado no tempo,
prendendo o retrato
de vidas passadas.

Quem foi que acabou?
Fui eu? Foi você?

Passaram-se todos
talvez importantes,
também os descrentes,
os falsos, os ímpios,
os velhos, os moços...

O prego ficou,
ruiu a parede...

E nossas promessas
e juras de amor?
Nossos trabalhos,
planos de vida,
espera nos filhos,
suores perdidos
na faina do mundo.

Amigos, parentes
e até inimigos,
se foram velozes
nos breves momentos
de vãs esperanças...

Ruiu a parede
o prego ficou,
talvez espetado
no pó da lembrança...