O SEMÁFORO



O semáforo da esquina
piscou-me um olho vermelho
ordenando que parasse.

E eu parei de pensar
no mundo que vai gemendo
levando guerra em seu ventre
e sangue jorrando às baldas,
vermelhinho, vermelhinho,
como o olhar do semáforo.

Então o semáforo abriu
um olhar todo amarelo
ordenando que esperasse.

E eu fiquei esperando
mais uma prece dos homens,
mais um sorriso espremido
no rosto do menininho
que é pobre, mas que sorri
amarelo, amarelinho,
como o olhar do semáforo...

Então o semáforo abriu
seu olhar verde e bonito
ordenando que seguisse.

E eu segui a esperança
que, às vezes, vejo brotar
nos olhos da mãe que embala
um berço cheio de amor,
sentindo que ainda resta
um pouco daquele encanto
de um berço que foi formado
com as palhas de Belém...

E agradeci ao semáforo
por me fazer relembrar
a Esperança, que é Deus!