Cai a tarde... que solene
tarde bela, tarde quente
da minha terra natal!
Um misto de nostalgia,
com incontida alegria,
invade o peito da gente.
Ruas repletas de gente
humilde, pobre e bondosa,
que volta do seu trabalho;
as chaminés das casinhas
mostram que em suas cozinhas
a sopa ferve ao borralho.
Os sinos da velha igreja
erguem canções ao Senhor
e na reza a mocidade,
reunida para a prece,
a Deus feliz oferece
o amor da minha cidade.
No espaço o vento dormita
e o ar se queda parado
num silêncio que extasia,
com medo de perturbar
a paz que fica a reinar
no instante da Ave-Maria!
Qualquer tarde é sempre assim,
toda silêncio e ternura,
grandiosa no seu encanto
e meu povo descansando
come o pão abençoando
o seu trabalho tão santo...
As aves buscam seus ninhos,
a infância o braço materno,
refúgio de mil virtudes;
e no dulçor que a amolece
em pouco tempo adormece
a minha Santa Gertrudes.