Vivi no perfume de ardentes amores
Que deram-me mágoas e deram carinhos;
Que deram coroas reais e de dores,
Às vezes com rosas, às vezes espinhos...
Já vi sombra e luz a cobrirem caminhos,
Sorvi desventuras, mas tive primores,
Qual rei em palácios, qual ave sem ninhos,
Vi mares sem fel e vi campos sem cores.
E assim dividido em prazeres e ais
Não sei o que penso da sorte que tive
Que linda, ou despótica, às vezes supus,
Pois dentro do peito, risonho ou sem paz,
A minha lembrança teimando revive
Um céu sem tormento e um inferno sem luz...