São dois vestidos... um azul, qual dia
Ambos são belos, ambos têm magia,
O meu ser os conserva retratados,
Um tem a cor fatal dos meus pecados
Que desponta a cantar, pleno em beleza,
O outro vermelho, como na agonia
Da tarde, tinge o céu a natureza.
Mas são ambos diversos... com certeza
Um tem a cor serena da alegria
E o outro a cor sangrenta da tristeza.
Lembrando o tom que cada qual externa
E que dentro da vida assim se exprime:
Enquanto o outro tem a luz eterna
De um céu de amor que salva e que redime...
Sonhei um dia que estava
Nos tempos da Média Idade;
Ivanhoé era e lutava
Num combate na cidade,
Me assistia uma boneca
E uma linda flor serena:
Era a primeira a Rebeca
E a outra, Lady Rowena...
Como um nobre numa guerra,
Ante o velho João “Sem Terra”
Eu garboso desfilei...
Por Ricardo combatia
Enquanto o povo pedia:
“Vingador sejas, do rei!”
Na vida não aprendi
sequer a dançar um tango,
embora tenha aprendido
os gestos do orangotango,
o grito do curiango
e a comer um pobre frango.
Muita coisa eu aprendi
com pretensa validade...
Pensando na qualidade
enchi, na realidade,
baús de banalidades.
Se ao menos aprendesse
a utilidade do tango...