És ainda bonita, és ainda morena,
és ainda sorrisos, mas sorrisos mais tristes,
e procuro encontrar, dentro de ti,
o tudo antigo de ti, que já passou.
Busco te encontrar... eu procuro
a morena pálida, corpo formoso,
cabelos soltos sobre os ombros lindos,
corpo e cabelos misturando ondas,
sorriso deslumbrante e juvenil
e lábios como pétalas de flor.
E eras esportiva e normalista;
Em teus pés mimosos, de estudante,
calçavas um par de tênis e não sabes
como é perfeita uma mulher assim...
Mas o que mais me prendia em ti
eram teus olhos... castanhos,
límpidos, serenamente límpidos,
como se ali se encontrasse docemente
toda a pureza e inocência deste mundo...
Tinhas os olhos um tanto acanhados
pela chegada sutil da miopia,
mas essa miopia te emprestava
uma beleza que não sei narrar...
Hoje ainda és deslumbrante;
ainda conservas no teu corpo jovem
muitos encantos, muita coisa linda,
tens os cabelos presos e sapatos altos,
óculos escuros e sorrisos tristes;
talvez já te esqueceste da menina antiga...
Mas deixa-me fitar-te com a retina cheia
do que tu foste! Como sapatos de cristal
de Cinderela, deixa-me calçar-te os tênis
de esportista; deixa-me soltar-te
os cabelos docemente; deixa-me guardar
os teus óculos e olhar fundo
na limpidez serena dos teus olhos...
Deixa-me sentir a luz do teu corpo moreno
e do sorriso despreocupado...
Deixa-me guardar-te na retina
e saber que não morreste!