TRÊS OLHARES



Quando na adolescência, com ternura,
Ela volveu seus olhos e me olhou,
Senti colher a dádiva mais pura
Que o meu estro de jovem perfumou.

Mas um dia meu anjo de candura
Trajando um branco manto se casou
E ao me ver, desejando-lhe ventura,
Voltou o olhar tristonho e me fitou...

Passou-se o tempo e a pobre faleceu,
Sem nunca reclamar do que sofreu,
De tudo bom que a vida lhe negou.

Fitei o inexpressivo olhar vidrado,
Que se voltara acaso para o lado,
No derradeiro olhar que me lançou...