Pois é, meu mano mais velho:
Fui índio, você vaqueiro,
e viramos pelo avesso
o velho oeste distante
cheio de pedra e fumaça
com baralho, com trapaça,
com brigas a cada instante
e tiros o dia inteiro...
Fui índio, você vaqueiro,
um bandido, outro mocinho,
cada um seguiu sozinho
pelas trilhas da existência
como bravos pioneiros,
desbravando prazenteiros
o insólito caminho...
Que pena! Nessa disputa
meu cavalo mais ligeiro
morreu no meio da luta;
meu sonho virou fumaça
o porvir virou trapaça
e o índio ficou sozinho
chorando, por não ter sido,
amigo-irmão do mocinho!
(Poema integrante do livro
Poetas Brasileiros de Hoje
Editado em 1988)