Era uma rua esquecida,
obscura e comburida pelo sol,
onde nem mesmo os pardais trinavam
e não havia árvores plantadas
na beira das calçadas,
mas eu tinha você...
Era uma rua triste, poeirenta,
sem movimento algum,
sem beleza ou atrativos,
sem asfalto, sem lojas,
indiferente e silenciosa,
mas eu tinha você...
E passávamos por ela conversando
coisas banais, que se conversa sempre,
como dois simples camaradas,
mas eu amava você,
mas eu tinha você!
Seus olhos tinham a luz
que faltava àquela rua
e sua simples presença
foi o encanto total que chegou
a nossa pobre rua...
e eu tinha a rua e você...
Hoje que não a vejo,
que não lhe falo mais,
que raramente passo pelo caminho antigo,
noto que a rua é a mesma
e já não tenho você.
Mas acho linda a ruazinha nossa!
E nós sentimos, ambos irmanados
na solidão profunda,
toda a saudade, sem cura e sem espera,
que nos ficou de você...
