Eu sou irmão feliz da minha terra,
pois todo homem é pó da sua terra,
uma pintura irreal de suas tardes.
Onde se encontra aquela tarde amiga,
morena tarde de calor e sol?
Onde se encontra a moreninha em flor
Que ainda é morena, mas não é mais flor
E que eu queria mesmo sem perfume?
Onde o riacho escondeu seu canto,
solenemente ou displicentemente,
morenamente em sua água escura?
Por trás de tudo há um olhar perdido,
por trás de tudo há um amor vencido,
uma tristeza alegre e uma esperança triste...
Eu sou irmão feliz da minha terra
e vou colhendo vestígios de outros dias
para tecer minha colcha de retalhos;
para poder me esconder daqueles olhos
que se perderam nas águas das lagoas,
que pensei que fossem verdes,
mas que um seixo caído fez castanhas
como a cor daqueles olhos fugitivos...
Eu sou irmão feliz da minha terra,
irreversivelmente poeta, homem e amante,
e inexorável sombra a esmaecer no tempo,
ante aqueles olhos que são luz e amor,
destinado a ser pó... mas pó da minha terra!